05/04/18





Tenho 40 anos e não consigo deixar de olhar para a minha idade com estranheza na verdade são 40 presos num corpo de 20. Sinto-me frequentemente cada vez melhor comigo mesma, mas não é só uma coisa física. Vou-me sentindo cada vez mais lúcida mais segura de quem sou, e da minha relação com o que me rodeia.Os últimos tempos tenho olhado à minha volta e as pessoas que me rodeiam, estão casadas, têm filhos e uma vida normal. E se com umas tudo está bem. Há outras que se queixam do casamento, da rotina, dos 15, 20 anos de relação. Algumas dizem mesmo estar fartas da vida em comum que têm. Mas deixam-se estar. Eu só de pensar em estar ao lado de alguém por comodismo, por ter medo de ficar sozinha , por obrigação, por causa da família, do desgosto da sogra, por seja lá que motivo for, que não seja por amor, por me sentir bem e feliz. Começo a sentir falta de ar e comichão.Há uns tempos atrás um amigo meu dizia-me que eu tinha que arranjar um homem. O que ele me disse exactamente foi :
 " Sandra tens quase 40 anos já chega de estar sozinha, tens que arranjar um homem agora, ou vais acabar sozinha. Mereces ser feliz, tens que estabilizar" e deixar de esquisitices "
Ora isto deu origem a uma discussão daquelas que vocês nem imaginam, com quem ele veio falar, era tanto disparate numa só frase que eu nem sabia por onde começar. Eu ainda hoje ouço a frase no meu cérebro.Primeiro o facto de eu ter que arranjar alguém antes que fosse tarde, que isto uma mulher tem prazo de validade, depois dos 40 ninguém nos pega pelos vistos diz que é assim, depois o facto merecer ser feliz, partindo do principio que só há uma maneira de ser feliz : Ao lado de um homem, ou de alguém vá, e mais ainda : Deixar de ser esquisita.Parece que este gajo chamado amigo Luís, quer me vender a ideia que toda a gente tem que arranjar alguém para viver o resto da vida.Ora eu a viúva alegre das relações falhadas! Teria que parar de me armar em parva e arranjar um homem e manter me quieta ao lado dele, até à velhice! Não importa ser infeliz, não importa se ele não me valoriza, se me trai três vezes por mês, se não quer trabalhar, se é desligado da família. Deixar de ser esquisita, ou vou acabar sozinha. Sozinha não acabo ... nem que arranje um periquito. Mas para já e para felicidade do meu amigo Luís , eu tenho namorado. E para já está tudo a correr bem. Mas tenho experiência suficiente para saber o que não quero para a minha vida.  Porque aos 40 anos uma mulher vive tudo aquilo que aprendeu.

Aos 40 anos uma mulher já aprendeu a estar sozinha, e que bom é estar sozinha. Só que muitas não sabem isso. Acomodam-se à vida agarradas a um casamento, procuram à força toda ter alguém, porque ser solteira, livre e descomprometida nao rima com felicidade. Não rima com estar de bem com a vida.Para mim as coisas estão longe de ser assim. Somos nós que escolhemos ser felizes, com o que somos, nao com o que temos, nao podemos depositar em outra pessoa a responsabilidade de sermos felizes. O meu namorado é um complemento da minha felicidade. Olho para trás e fico feliz por ter estado tanto tempo sozinha e quando digo sozinha , digo sem nenhum tipo de ligação com o sexo oposto, nada zero.Olha para trás e orgulho-me com tudo o que vivi, mesmo com algumas quedas, tudo o que sou hoje é o resultado do que vivi, da curiosidade pela vida que sempre tive, de fazer o que sempre achei melhor para mim. Com quarenta anos, sabemos que à aguas que não voltamos a beber, que há lugares onde não voltamos, há buracos onde já não tropeçamos. Talvez, uma das melhores coisas que os quarenta trazem, é segurança que temos em nós mesmas.Atravessamos uma fase da vida em que nos sentimos com o comando na mão. Escolhemos o programa que queremos, o género de história que nos apetece viver e o final que desejamos. Antes de aparecer o meu namorado perguntei a mim mesma : E se a tua tal pessoa nunca aparecer? E se ele não existir? E percebi a coisa mais importante de tudo : Eu já sou feliz sozinha!Equacionei a possibilidade de acabar os meus dias sem ninguém. É aqui que pomos tudo em cima da mesa. Que colocamos tudo em perspectiva. É aqui que perguntamos talvez pela primeira vez : Estás preparada para viveres contigo ? Até que ponto tens a segurança suficiente para não lamentares o facto de não acordares com alguém todos os dias ao teu lado?É precisamente aqui que olhamos para dentro de nós e vamos até ao fundo da alma. Não sei como vou terminar os meus dias. Não sei se vou ter o chef a fazer me o chá antes de dormir, se vou ter de tomar comprimidos para a ansiedade por ele deixar tudo fora do sitio. Mas de uma coisa tenho a certeza. Aprender a ser feliz [só] comigo dá-me a garantia de não terminar os meus dias sozinha.


Nota: escrevo isto plenamente apaixonada, com a certeza louca do : e foram felizes... como sempre!


04/04/18




Hoje dei por mim a pensar na minha relação com as mães de ex namorados. A verdade é que os filhos saíram da minha vida, mas as mães ficaram. Aliás duas das minhas amigas mais velhas são as mães de ex namorados. Pessoas  que eu convidaria para o meu casamento.
A verdade é que eu também sou o sonho de qualquer sogra ( modéstia à parte )
Sempre tive aprovação imediata por parte das mães dos " piquenos"  houve situações em que chegou ali uma altura em que eu me lembro de sentir que gostava mais das mães do que dos filhos. E saiam de coisas como " olhe lá como é que uma pessoa tão querida gerou o traste do seu filho?" 
Lembro -me de uma vez a mãe do meu primeiro namorado dizer  "Tu és a minha filha  adotiva aos meus filhos fui obrigada a ficar com eles, a ti adotei-te porque gosto de ti"


E se por um lado sou o sonho de qualquer sogra por outro sou o pesadelo das actuais não posso agradar a Gregos e a Troianos que pena!

Alguém teria que vos dizer isto!

No outro dia a conversa entre mulheres era sobre pijamas polares vs lingerie sexy... Não é para me gabar, mas as minhas qualidade...